27 de fev. de 2009

O dia seguinte

Queria deixar meu corpo e sair por aí, flutuando sem rumo. Esse fardo de carne e osso, cheio de sangue e gordura, que pesa e pesa, que tenho de arrastar. Não queria sair à porta de casa, ver o movimento lá fora, a vida dos outros passando por mim. Não queria que meu telefone tocasse, nunca mais, e por isso estou deixando-o desligado, para que ninguém me chame, nem me pergunte por que minha voz está tão fraca. Não quero ter que dizer que foi uma sonda, e aí terei que explicar qual sonda, por que sonda, pra que sonda... como se ALGUÉM se interessasse de fato por isso. Não, ninguém se preocupa. Encontrei esse tal de blog, e disseram que aqui eu posso dizer qualquer coisa sem ter que me identificar, sem que me julguem ou apontem. Não sei se isso faz alguma diferença.
Nunca mais eu quero sair de casa, não quero ver mais ninguém, falar com ninguém, não quero ir trabalhar na segunda, nem lavar a roupa amontoada no tanque, quero uns comprimidos pra dormir, dormir sem parar, por muitos e muitos dias. DEUS ME AJUDE A SUMIR, A DESAPARECER SEM DEIXAR VESTÍGIOS. O que eu tô fazendo aqui nessa terra, pra que eu sirvo afinal? Por que não acaba logo com essa coisa tão sem sentido?
Como é que eu vou me achar mais uma vez no meio dessa lama toda? Como vou encontrar o caminho de volta morro acima? De novo? De novo? Até quando?

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