Ontem, sábado, eu fiquei com a pressão arterial baixa o dia inteiro. Interrompi tarefas domésticas várias vezes pra me deitar. Desde que recomecei a tomar os remédios meus pensamentos estão enjaulados, é isso mesmo, enjaulados. Minha mente está adormecida, eu percebo os vestígios de toda a tormenta, mas é como se ela estivesse há milhas e milhas do continente onde estou. Prevalece o não querer - não quero falar, não quero sair de casa nem pra comprar pão, não quero ver tv, não há música (dentre os 10 Gb que tenho) que me desperte interesse, não tenho fome... A única imagem que se mostra pra mim e que me desperta desejo é de estar numa praia, caminhando lentamente, sozinha. O médico perguntou como estou conseguindo trabalhar com as crises de pânico, e eu não soube responder. Pensei depois, e percebi que a maior parte do tempo é como se eu me ausentasse de mim mesma, como se eu fosse dormir e deixasse meu corpo agindo sozinho, e em alguns momentos parece que eu reduzo meus sentidos - uso 30% da visão, 20 % da audição, 60% da fala (preciso baixar esse índice), e quase nenhum tato (olfato não importa muito nesse caso). Assim, eu não ouço nem vejo o suficiente pra disparar essa coisa aqui dentro que anda louca pra rolar e babar pelo chão. Não foi intencional, mas percebi que estou fazendo isso. Nem sei, também, se é bom ou ruim.
Algumas vezes eu suplico um abraço (só com aquele olhar de cachorro na chuva), um colo pra pôr a cabeça, e alguém que me diga, como as mães dizem cheias de piedade, "não fique triste, não chore, vai passar, vai passar, mamãe está aqui ao seu lado". Mas não há ninguém.
Eu tenho auto piedade? O que é auto piedade? É ruim ter auto piedade?
Às vezes eu me sinto como um fantoche, daqueles que têm fios amarrados ao corpo e são manipulados por alguém que só aparece no final do espetáculo. Especialmente quando eu não quero, não aguento, não tenho forças pra fazer alguma coisa e mesmo assim vou, faço, caminhando como se o destino final fosse um forno do holocausto, de ombros caídos, tronco curvado, arrastando os pés como se tivessem bolas de ferro acorrentadas. Mas lá vou eu, muitas vezes chorando pela rua, como se o chão atrás de mim se tornasse um abismo a cada passo adiante e não houvesse como voltar ou parar. Esses dias não existem de fato, pois é tudo mecânico, dormente, tudo que faço fica meio confuso relembrar no outro dia, como se tivesse sido um sonho.
Ando querendo saber se sou doente mesmo. Bipolar, psicótica, TOC, maníaco-depressiva. Quero saber se um dia eu não vou mais surtar, vou viver uma vida comum, tranquila, com os problemas normais da humanidade, ou mesmo se vou ter resposta sempre que alguém me perguntar por que estou triste, se vai sempre haver um motivo conhecido para eu estar chorando. Quero saber, para que eu possa me tratar melhor, me respeitar em minhas limitações, exigir menos de mim e das pessoas que me aturam.
Hoje tem uma vontade escondida aqui dentro, mas anônima. Não sei de quê tenho vontade, mas sei que é de fazer algo. Pensei em pintar as unhas de vermelho, imaginei-as assim, e fiquei envergonhada. Pensei em não ir trabalhar amanhã, sair bem cedinho caminhando ao encontro do sol nascente, as ruas vazias, sem barulho, o tímido clarão no rosto. Mas eu não faço o que quero, e só obedeço ao acionamento dos fios que aquele tal ou aquela tal manipula. Queria alguns vasos de flores, crisântemos, amarelos, vermelhos, brancos, rosa, carmim, e nem sei onde colocaria. Talvez dentro do peito. Sempre que "surto" tenho desejo de ter flores e de levá-las comigo aonde eu for.
Não almocei, não tenho fome, não tenho apetite.
Algumas vezes eu suplico um abraço (só com aquele olhar de cachorro na chuva), um colo pra pôr a cabeça, e alguém que me diga, como as mães dizem cheias de piedade, "não fique triste, não chore, vai passar, vai passar, mamãe está aqui ao seu lado". Mas não há ninguém.
Eu tenho auto piedade? O que é auto piedade? É ruim ter auto piedade?
Às vezes eu me sinto como um fantoche, daqueles que têm fios amarrados ao corpo e são manipulados por alguém que só aparece no final do espetáculo. Especialmente quando eu não quero, não aguento, não tenho forças pra fazer alguma coisa e mesmo assim vou, faço, caminhando como se o destino final fosse um forno do holocausto, de ombros caídos, tronco curvado, arrastando os pés como se tivessem bolas de ferro acorrentadas. Mas lá vou eu, muitas vezes chorando pela rua, como se o chão atrás de mim se tornasse um abismo a cada passo adiante e não houvesse como voltar ou parar. Esses dias não existem de fato, pois é tudo mecânico, dormente, tudo que faço fica meio confuso relembrar no outro dia, como se tivesse sido um sonho.
Ando querendo saber se sou doente mesmo. Bipolar, psicótica, TOC, maníaco-depressiva. Quero saber se um dia eu não vou mais surtar, vou viver uma vida comum, tranquila, com os problemas normais da humanidade, ou mesmo se vou ter resposta sempre que alguém me perguntar por que estou triste, se vai sempre haver um motivo conhecido para eu estar chorando. Quero saber, para que eu possa me tratar melhor, me respeitar em minhas limitações, exigir menos de mim e das pessoas que me aturam.
Hoje tem uma vontade escondida aqui dentro, mas anônima. Não sei de quê tenho vontade, mas sei que é de fazer algo. Pensei em pintar as unhas de vermelho, imaginei-as assim, e fiquei envergonhada. Pensei em não ir trabalhar amanhã, sair bem cedinho caminhando ao encontro do sol nascente, as ruas vazias, sem barulho, o tímido clarão no rosto. Mas eu não faço o que quero, e só obedeço ao acionamento dos fios que aquele tal ou aquela tal manipula. Queria alguns vasos de flores, crisântemos, amarelos, vermelhos, brancos, rosa, carmim, e nem sei onde colocaria. Talvez dentro do peito. Sempre que "surto" tenho desejo de ter flores e de levá-las comigo aonde eu for.
Não almocei, não tenho fome, não tenho apetite.
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