14 de março, o desfecho.

Bem, depois de jogar de lado o caderno onde escrevia, me deitei, me encolhi, me estiquei, começaram os tremores, veio a perturbação auditiva (todo o barulho que entrava pela janela tomou uma proporção absurda), comecei a agitar os pés, as pernas, a mão direita, agarrei o travesseiro com uma mão enquanto batucava no lastro da cama com a outra. Ajoelhei no colchão e o choro veio. Medo, muito medo. Eu ainda via o corredor, e acho que cheguei ao final e vi que não tinha porta, mas era uma bifurcação com duas outras direções, uma para a esquerda e outra para a direita, e o medo aumentou ainda mais.

Lembrei que há duas semanas eu tomei dois tranquilizantes num comecinho desse e depois "não vi" que tomei quase todos os comprimidos da casa, de todos os tipos que encontrei. Então, sabendo que o médico me receitou um tranquilizante SOS, sublingual, liguei pro meu pai (coisa raríssima eu chamar meu pai nessas horas) e pedi que ele viesse ficar comigo para que eu tomasse o remédio e até que fizesse efeito.

Tomei um banho, chorando, chorando e chorando. Meu pai chegou e graças a Deus não insistiu pra que eu dissesse o que estava acontecendo. Coloquei um comprimido sob a língua, sentada à mesa com ele, e fiquei espremendo o choro num lencinho branco. Quinze minutos depois eu ainda não sentia efeito algum. Coloquei outra pílula de 0,5 mg e mais vinte minutos e nada. Então eu tomei outro, dessa vez com água, do mesmo que tinha tomado primeiro, de 2 mg. Acredite, levei mais de uma hora para dormir. Mas depois de um tempo, fui me deitar e fiquei muito tempo com os olhos meio abertos, vendo meu pai andando pelo quarto, olhando pra mim, (nunca vou saber o que ele estava pensando). Minha irmã fez massagem nos meus pés, e isso sempre me faz adormecer, mas não foi tão rápido como de costume.

Acordei durante a noite para ir ao banheiro e não senti nenhum vestígio de crise alguma. Acordei novamente agora cedo e nenhum efeito colateral da "super" dose de clonazepan.

Se alguém quiser e tiver tempo, me ajude a pensar alguma coisa sobre isso tudo.