17 de mai. de 2010

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De repente, uma explosão de lágrimas. Sem que um pensamento específico tenha surgido ou provocado uma emoção, apenas como um espirro o choro vem, e pode durar algumas horas.Depois de ferir as unhas dos pés com o alicate eu passo para a pinça nas sobrancelhas, e em seguida as unhas em qualquer saliência na pele do rosto. Ainda olho os dentes em busca de algo que possa ser puxado, cutucado. Encontro pequenos caroços no couro cabeludo, espinhas talvez, e logo eles são arrancados. Olho para os pés, os dedos sangram, doem, mas eu fico pensando se ainda dá pra cortar mais algum cantinho de pele. Estou tentando encontrar algo que prenda minha atenção, que me desperte o interesse, que me mantenha ocupada, mas com tanta poeira pela casa, louça suja na cozinha, roupas por passar a ferro, tintas e pincéis ainda novos, não me sinto atraída por nada disso. O pensamento parece andar em círculos, como um bicho preso numa jaula tentando sair. Um dia tão quente, o sol alto, o barulho da máquina de lavar, da tv ligada sozinha no quarto, tantas coisas que eu poderia fazer para me distrair e simplesmente não consigo.

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